Na verdade, independentemente do resultado desta obra, contrariando todas as previsões e tendo em conta o tempo disponível, a empresa decorreu célere, fluente como as águas de um riacho em declive; de tal forma que o autor chegaria a suspeitar haver neste exercício algo de mediúnico. Entretanto, porque a ação decorre no meio de uma escuridão total, como é óbvio não seria permitido ao autor outra coisa a não ser a transmissão dos diálogos, assinalar pausas e silêncios e pouco mais, o que se traduzia num grande desafio.
Esta obra é sobretudo um panegírico do diálogo. O autor tem porém que admitir que as conversas entre Oscar e Nelson eram divertidas, espantosas, por vezes, aromadas de ternura também, mas igualmente irritantes e desconcertantes em determinados momentos, e que a partir de determinada altura, tinha ganhado alguma empatia, e simpatia, em relação aos personagens, que além de ridicularias também discutiam temas como “A morte não existe”, “Deus não é bom” e outros temas polémicos, mas que, pelo menos, tem o mérito simples de produzir ideias e afirmações em que vale a pena refletir, para além de chamar a atenção quanto à interessante e singular capacidade que o ser humano tem de, vertiginosamente, mudar o rumo das suas conversas (discute-se assuntos extremamente sérios e fantásticos e, no minuto seguinte, profere-se ninharias ou dá-se azo à imaginação sem fronteiras).
António Manuel Gonçalves Castro, Técnico de Informática (grau 2, nível 2), reformado, nasceu em 3 de Maio de 1951, em Lisboa, na freguesia dos Anjos.
Licenciado pela Universidade da Vida, Diretor do Instituto das Suas Próprias Ideias, não foi Correspondente de Guerra mas na guerra esteve, e desde sempre Ministro da Administração Interna (na sua própria casa). Começou desde muito cedo a desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita (quando começou a ler e a escrever). Compreendeu então que, ao longo dos anos, evoluía nesta área porque, assim que escrevia cada novo texto destruía o anterior (por achá-lo ingénuo, e por vezes demagógico, comprovando deste modo que também evoluía em relação à idade e ao temperamento). A ter guardado tudo o que escreveu (de ótimo ou de péssimo), ao longo de 68 anos, seria considerado hoje em dia um autor, quase tão prolífico como Corin Tellado ou Lope de Vega.
Autodidata, como António Aleixo, Machado de Assis, Charles Dickens, William Faulkner (e tantos outros, com os quais não se pretende comparar), viveu cerca de 25 anos em Moçambique, onde publicou os seus primeiros textos no jornal de Notícias, de Lourenço Marques (Maputo), no suplemento Coluna em Marcha, durante a sua vida militar, de 1972 a 1974, no tempo da guerra colonial. Antes de se falar no 25 de Abril, já tinha projetado partir, à procura de novos horizontes, mas o fim da guerra apressou o seu regresso a Portugal. Chegou a publicar um texto humorístico, no Reader’s Digest mas, contingências da vida impediram-no de prosseguir.
BIBLIOGRAFIA DO AUTOR
(1996) Gente, em Puro Azeite de Oliva (um primeiro ensaio, humorístico)
(1998) Onde o Sol Castiga Mais (vencedor do prémio do júri Pegasus Litterary Awards 2023 Itália)
(2000) O Diário de Crispim (ficção)
(2002) Escuridão Total (ficção)
(2019) Nossa Senhora dos Mares (ficção)
(2020) O Homem que não sabia mentir (ficção)
(2021) Assim Diz o Senhor (ficção)
(2022) O Calceteiro Marítimo (ficção)
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